Ela estava atrasada, ele jamais a perdoaria. Mas que culpa tinha ela se o metrô demorou? Nenhuma. O nervosismo não queria ir embora. As borboletas no estômago também não. Mas o que acontecera com ela afinal? Nunca ficou assim por alguém, muito menos por ele. Bom, até agora.
Aqui estou eu, pensou ela. Ela correu os olhos pela praça quase deserta, nem sinal dele. Como ele ainda não chegou, ela podia ensaiar pela milésima vez, seu discurso. Ela queria ser breve, seca e simples. Sem demorar muito, se demorasse, ela jamais conseguiria falar tudo que planejou.
- E se ele não chegar? - Disse ela em voz alta.
- Estou aqui, querida. Desculpe a demora - Disse ele num tom tranquilo.
E então, ela virou-se para vê-lo. Estava lindo como sempre, fios de cabelo nos olhos azuis, seu sorriso encantador e sedutor.
Droga, não posso ter uma recaída agora, pensou ela.
Ele estava se aproximando, ela podia ouvir sua respiração se tornar mais intensa. Ela se virou, não pode ver muito bem por causa do reflexo do sol, mas sabia, que ele olhava diretamente para ela.
- O que você quer me dizer, meu bem? - Disse ele, com sua voz calma e contagiante.
- Precisamos conversar sobre nós... Sobre... - Ela não pôde terminar, simplesmente olhou o chão, insegura.
- Diga, estou aqui pra ouvi-la. - Disse ele aproximando-se mais.
- Ahm, em primeiro lugar, sabia que eu te amo, e que o que vou dizer agora, será o melhor para nós, você tem de confiar em mim.
Ele a olhava intensamente com seus lindos olhos azuis. E ela sabia que se olhasse diretamente para eles, não iria conseguir terminar.
- E... - Ela começou - preciso ser breve, espero que você entenda...
Ele não dissera uma palavra, e ela achava melhor assim, por parte.
- Precisamos terminar, mas não tem nada a ver com você, pelo contrário, você é maravilhoso comigo e muito carinhoso, mas... - Ela olhava pro chão o tempo todo, não conseguiria olhar para ele depois disso. Continuou - As coisas estão complicadas. Não dá mais pra ficar tranquila ou satisfeita com essa situação. Estamos juntos há muito tempo, mas eu mudei muito, e não quero mais ficar escondida com você. Não dá mais. Mas saiba que eu tentei, juro que tentei ver um lado bom nisso, mas não achei. Me desculpe, mas acho que será melhor assim.
Ela parou de fitar o chão, e olhou diretamente nos olhos azuis dele. Não demonstravam nenhuma emoção, estavam secos, um tanto atordoados.
Ele não disse absolutamente nada, somente aproximou-se dela, aos poucos...
Ela quis xingar quando seu peito bateu forte em reação ao sorriso dele, mas lá estavam seus defeitos e limitações de volta. Lá estava ela, por inteira, com todas as suas falhas; lá estava ela, sentindo-se novamente nua frente ao jeito dele a desvendar. Involuntariamente, ela aninhou-se no abraço dele e era tudo tão confortável, apesar das estranhezas que ela carregava, ela decidiu ficar por mais um tempo e um pouco mais.
sexta-feira, novembro 13, 2009
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