sexta-feira, junho 25, 2010

Pequenas maravilhas

Quando tudo perder o sentido e a vontade de viver desaparecer, você sentirá uma enorme vontade de voltar no tempo. De viver novamente os anos dourados. Porém os anos não voltarão e você sentirá saudades.
Mas lá no fundo, você irá precisar tirar o peso dos ombros e a culpa para continuar com o que restou. E no final, ficarão somente aquilo que você tem de mais precioso. Aquela lembrança que já está empoeirada e amarelada como um livro antigo, mas que você nunca esqueceu. Está lá naquele lugar de sempre, você sempre soube.
A vida se faz com essas lembranças. São elas que fazem com que você sinta novamente o desejo de continuar na luta.
Tudo bem, nada dura para sempre. Para que sua vida acabe e não passe em branco, você precisará entregar-se e querer mesmo, caso contrário, de nada adiantará somente as lembranças. Mundos se vão, mas essas lembranças, breves lembranças, ficarão.

quinta-feira, junho 24, 2010

Ao nascer do sol

"Um novo dia. Vai encará-lo amanhã, pelo bem de Maya. Junto com o mar que desperta, junto com o restante de Bombaim - os pivetes de rua, os cachorros sem dono, os pobres vendedores de nozes e a mulher que só consegue vender seis couves-flores por dia, os habitantes da favela de olhos encovados, os rechonchudos moradores dos edifícios próximos, os trabalhadores que transbordam dos trens na estação de Churchgate, as crianças que embarcam nos ônibus escolares cheios de rangidos, os velhos que gemem em seus leitos de morte e as crianças que saem dos ventres escuros de suas mães -, junto com toda a metrópole gigantesca e todos os seus habitantes se arrastando em seus destinos individuais, como um exército de formigas fingindo ser um exército de gigantes, junto com Banubai em sua cama úmida, com Serabai em seu mundo despedaçado, com Viraf baba e sua culpa sufocante, com Maya e seus sonhos incertos e hesitantes, e também junto com Gopal e Amit acordando numa aldeia distante para sentir o cheiro de terra. Como todos eles, como os milhões de pessoas que não conhece e as poucas pessoas que conheceu, também vai enfrentar um novo dia amanhã.
Amanhã. A palavra flutua no ar por um momento, ao mesmo tempo promessa e ameaça. Depois vai embora como um barquinho de papel levado pela água que lambe seus tornozelos.
Está escuro, mas, dentro do coração de Bhima, o dia nasce."

A Distância Entre Nós, Thrity Umrigar.

p.s.: achei o final tão lindo, que não pude resistir e postei aqui. :)

quarta-feira, junho 23, 2010

Ele mais perto

Em meu subconsciente o tempo voa. Meu consciente é avisado pela razão que o tempo passa devagar, com cautela.
Mas a emoção entende?
Não, ela não entende. Ela só quer que esse vazio em mim termine logo, dane-se o tempo.
Tem saudade transbordando nos olhos e virando em lágrima que fica ácida em contanto com minha pele.
A vida prega peças nada divertidas. Ela gosta de fazer sofrer, de sufocar e machucar. A razão desistiu de tentar me fazer parar. Até ela já entendeu o que me falta.
Mas o tempo não entende.
As lágrimas não entendem.
Os suspiros angustiados no meio da noite não entendem.
Dentro de mim existe razãoXemoção em confronto. A razão com seu jeito frio e racional, e a emoção agindo feito manteiga derretida.
Apesar das diferenças, ambas concordam com uma coisa:
Preciso dele mais perto pra ficar em paz.

Tempo, me ajuda, vai? :(


p.s.: três meses hoje. *-*

domingo, junho 20, 2010

Bem melhor

Hoje ela acordou bem. Diria até que bem melhor do que sempre pensou que acordaria um dia.
Não teve nenhum olhar furtivo para o telefone. Muito menos se preocupou em checar a secretária eletrônica. Hoje merecia ser um dia diferente. Sem olhares tristes para fora, sem arrependimentos.
Mesmo tendo um trabalho interminável da faculdade para terminar até quarta-feira, ela se sentia nova, inconfundível com quem estava sendo dias atrás. Uma felicidade a cativou sem pedir licença. E ela agradeceu esta visita tão esperada e inesperada ao mesmo tempo. Ela não cogitou duas opções. Somente uma: ela. Afinal, ela está um tanto cansada de escolher a opção ele. O incômodo não a tocou desta vez. Nada a tocou, somente uma brisa aconchegante vindo da janela, junto com os gostosos raios de sol.
Sim, hoje ela está bem, obrigada.

sexta-feira, junho 18, 2010

Palavras... Onde estão?

Eu tentei. Tentei mesmo achar uma palavra em algum lugar que traduzisse tudo que sinto. Que traduzisse esse trânsito de sentimentos que se passam em mim. Esse ódio. Esse amor. Esse infinito.
Um se funde com o outro, e quando percebo, já se transforma em outro sentimento. Não sei lidar com isso.
O pior de tudo é que quando estou quase lá, me matando por dentro, com minha alma se desfazendo de tanto que procuro a bendita palavra, vem o silêncio.
Maldito silêncio. Acaba de vez com qualquer ponta de compreensão que eu tinha.
E, de novo, volta tudo desde o começo... Não aguento mais isso.

quarta-feira, junho 16, 2010

Na medida

"Talvez o pathan estivesse certo, talvez felicidade e beleza demais não seja bom para os humanos. Talvez a felicidade humana tenha que ser administrada às colheradas, como o óleo de rícino que Banubai botava numa colher de chá e tomava todos os domingos. Se tomado direto da garrafa, pode matar."

A Distância Entre Nós, Thrity Umrigar.

quinta-feira, junho 10, 2010

Quando o amor bate à nossa porta

Dear diary,

A coragem está acabando contra a minha vontade. Me conheço e sei que não conseguiria dizer tudo que estou planejando. Por que será? 
Eu deveria estar escrevendo uma carta à ele agora. Mas simplesmente não consigo.  Faltam palavras, coragem e vergonha na cara.
Odeio meus sentimentos, eles são involuntários e eu odeio isso com todas as minhas forças. Se eu desejar bem, bem forte, tudo isso se apaga? Se eu guardar em um lugar onde nem eu lembrarei depois, lá no fundo da alma, vai acabar? Por favor, diga que vai, porque não aguento mais isso tudo. Não quero mais suar frio quando o vejo, nem corar quando nossos olhos se encontram. Quero me ver livre. 
Só que uma boa parte de mim, eu diria que a maioria, o quer por perto. Quer que ele finalmente me note e veja o quanto gosto dele.  
Estou em cima do muro, eu sei. Mas sou muito cabeça dura e não consigo acreditar que sinto tanto amor por ele. Ele, que eu até odiava no passado. Como os sentimentos mudaram tanto, e em tão pouco tempo?
Se ele me ouvisse agora, eu diria umas simples palavras: わたしは、あなたを愛しています! 
Desaparecer. Posso? 

segunda-feira, junho 07, 2010

Mais depressa

Ou mais devagar...

Os dias podem passar rápido ou devagar, depende de você. Vem aquela velha expressão "O tempo é relativo". Quero que os dias, os meses e os anos passem voando. Quero que nesse tempo em que espero, tudo voe. E nos instantes em que tudo realmente acontecer, que durem para sempre. Dizem para aproveitarmos o agora, por não voltar mais. Não quero aproveitar, quero apenas que passe. 
Quero poder acordar com um beijo de bom dia e outro de boa noite. Quero que ele me aqueça nesse frio que não tem dó nem piedade.
Minha felicidade está nele. Por que é tão difícil de entender?

"O valor das coisas nao está no tempo que elas duram,
mas na intensidade com que acontencem.
Por isso existem momentos inesqueciveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".
(Fernando Pessoa)